Avaliação dos Efeitos Neuroquímicos e Comportamentais do Enriquecimento Ambiental em Animais Submetidos a Privação Maternal
Nome: RANDRIELY MERSCHER SOBREIRA DE LIMA
Tipo: Dissertação de mestrado acadêmico
Data de publicação: 14/07/2017
Banca:
Nome | Papel |
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ANA PAULA SANTANA DE VASCONCELLOS BITTENCOURT | Orientador |
ATHELSON STEFANON BITTENCOURT | Coorientador |
JEYCE WILLIG QUINTINO DOS SANTOS | Examinador Externo |
VALQUÍRIA CAMIN DE BORTOLI | Suplente Interno |
VANESSA BEIJAMINI HARRES | Examinador Interno |
Resumo: A relação entre mãe e filhote apresenta um papel de extrema importância para mamíferos, dado a importância do cuidado e da aproximação materna nos primeiros dias de vida. Eventos traumáticos nesse período podem prejudicar o desenvolvimento fisiológico e psicológico dos filhotes, podendo causar alterações em curto e longo prazo. A privação maternal (PM) é um protocolo bem estabelecido e utilizado para investigar alterações tanto neurobiológicas quanto comportamentais, como os transtornos de ansiedade. Ao mesmo tempo, vem sendo demonstrado que protocolos de enriquecimento ambiental (EA) promovem numerosos benefícios sensoriais, motores e cognitivos em animais de laboratório, podendo ser utilizado na tentativa de intervir em alterações provocadas por eventos adversos pós-natais e prevenir a ocorrência de transtornos psiquiátricos na idade adulta. Nesse contexto, buscamos avaliar as implicações do enriquecimento ambiental como estratégia para prevenção dos efeitos provocados pela privação maternal sobre comportamentos de ansiedade e sobre a expressão gênica de componentes do sistema serotoninérgico. Para tanto, ratos Wistar machos foram privados da presença materna durante dois períodos de 24 horas, nos dias pós-natal (DPN) 11 e 13. Os animais não privados foram mantidos sob mínimas condições de manipulação. Após o desmame, no DPN 21, esses animais foram submetidos ao enriquecimento ambiental ou a condições padrão de alojamento, assim permanecendo até o início da idade adulta. No DPN 60 foram iniciados os testes comportamentais de ansiedade, sendo eles: labirinto em T elevado (LTE), campo aberto (CA), teste de odor de predador (TOP); e teste de memória aversiva, o teste de esquiva inibitória. Ao final dos testes comportamentais, os animais foram eutanasiados para obtenção das estruturas amígdala e núcleo dorsal da rafe. A expressão de mRNA dos componentes do sistema serotoninérgico: 5-HT1A, 5-HT2A, 5-HT2C, SERT e TPH2, foram avaliados em ambas as estruturas. Observamos no LTE que a PM aumentou o tempo de esquiva 1, enquanto o enriquecimento aumentou o tempo de esquiva 2, sem alterações relacionadas a fuga. A PM não provocou mudanças no CA, mas o EA diminuiu a atividade locomotora em todos os parâmetros avaliados. A PM também não provocou alterações no TOP, entretanto o EA causou diminuição do tempo no compartimento escondido e aumento do tempo de investigação da fonte do odor. Nenhuma das condições provocou alteração no teste de esquiva inibitória. Além disso, nem a PM, nem o EA provocaram alterações na expressão de mRNA de componentes do sistema serotoninérgico na amígdala e no núcleo dorsal da rafe. Podemos concluir que ambas as condições provocam efeitos ansiogênicos sem alterar a memória aversiva, mas apenas o EA altera a resposta a novos ambientes e contextos, e apesar do notório envolvimento da rafe dorsal e da amígdala com a ansiedade, a neurotransmissão serotoninérgica nestas estruturas não é alterada pela privação maternal e pelo enriquecimento ambiental.
Palavras-chave: Privação maternal. Ansiedade. Enriquecimento ambiental. Sistema serotoninérgico.